Esta
pantomima (estilo de peça onde o(s) ator(es) atua(m) especialmente com as expressões
e sem palavras) é realmente impactante, já apresentamos em nossa igreja e o
resultado superou as expectativas. É IMPORTANTE que a pessoa que participará
como narrador tenha uma leitura irretocável e cheia de expressão para reforçar
as expressões realizadas pelo ator/atriz no "palco" (Obs: fique
atento que em alguns momentos as reações também devem ser lidas)
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(As
frases em VERMELHO são as reações que o personagem Homem fará. As frases com letra
AZUL é a reação do personagem Jesus. Escolha um narrador que saiba ler com
expressão para que dê vida ao texto)
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Naquele
lugar entre a consciência e o sonho, eu entrei em um quarto. ENTRA ESTRANHANDO
O LUGAR. Nele não havia nada de incomum, exceto por uma parede coberta por um
arquivo de fichas. VAI E OLHA O ARQUIVO.
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Era como
um daqueles de biblioteca, com várias gavetas que listam títulos por autor ou
assunto em ordem alfabética. Porém estas gavetas, que se estendiam do chão ao
teto e aparentavam não ter fim para nenhum dos lados, tinham cabeçalhos um
tanto diferentes. SE APROXIMA COMO SE ESTIVESSE LENDO OS TÍTULOS.
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Ao me
aproximar da parede, o primeiro a chamar minha atenção era um que dizia
"Pessoas de quem gostei". USA O DEDO COMO SE ESTIVESSE LENDO. Eu abri
a gaveta e comecei a folhear os cartões. ENCENA COMO SE TIVESSE ABERTO E
FOLHANDO. Fechei-a rapidamente (LEVA UM SUSTO E FECHA), chocado em perceber que
reconhecia cada um dos nomes escritos ali. FICA COM UMA CARA DE ASSUSTADO.
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Então,
sem quem ninguém me dissesse nada, soube exatamente onde estava. ANDANDO PENSATIVO,
FAZ SINAL COM A CABEÇA COMO SE ESTIVESSE ENTENDENDO. O quarto sem vida com suas
pequenas gavetas era um perturbador arquivo da minha vida. Nele tinham sido
escritos meus atos em cada momento, (VOLTA A LER OS TÍTULOS) grandes ou
pequenos, em detalhes inalcançáveis à minha memória.
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Os
títulos iam do banal ao bizarro. "Livros que eu li", "Mentiras
que eu contei", "Consolos que eu dei", "Piadas que me
fizeram rir". Alguns eram quase hilários em sua exatidão: "Coisas que
eu berrei para meus irmãos". (RI). Outros não tinham tanta graça:
"Coisas que eu fiz nos momentos de ira", "Murmurações que tive
em secreto sobre meus pais". SE ENTRISTECE.
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Eu não
parava de me surpreender com o que encontrava. Quase sempre haviam muito mais
fichas do que eu esperava. Algumas vezes menos do que gostaria. Fiquei
impressionado pelo enorme volume de minha existência. Seria possível eu ter
tido tempo em meus 27 anos para escrever cada um dos milhares ou talvez milhões
de fichas? Mas cada cartão confirmava esta verdade.
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Todos
estavam escritos com minha letra. E todos tinham sido assinados por mim. Quando
puxei a gaveta "Músicas que eu escutei", (PUXAR COMO A GAVETA FOSSE
ENORME) concluí que as gavetas tinham o tamanho exato dos seus conteúdos. As
fichas estavam colocadas bem justas, mas mesmo depois de dois ou três metros
ainda não tinha conseguido encontrar o final. Fechei de volta, (FECHA O ARQUIVO
E SE ENVERGONHA) envergonhado, entristecido nem tanto pela qualidade da música,
mas mais pela vasta quantidade de tempo que eu sabia que aquilo representava. VOLTA
OLHANDO PARA AS GAVETAS.
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Quando vi
a etiqueta que dizia "Pensamentos luxuriosos", senti um arrepio (DEMONSTRA
ESTÁ ARREPIADO, PASSA A MÃO NAS COSTAS) temeroso atravessar o meu corpo. Abri a
gaveta uns poucos centímetros, (ABRE DEVAGAR COMO SE ESTIVESSE ESPIANDO SEM
CORAGEM DE DESCOBRIR SEU TAMANHO), e puxei uma ficha. (PUXA A FICHA E LÊ).
Estremeci ao ler sua descrição detalhada. Me causou náusea (DEMONSTRA NÁUSEA) pensar
que momentos assim pudessem ter sido registrados. Uma cólera quase selvagem se
apoderou de mim. Só um pensamento dominava minha mente: (FAZ CARA DE PÂNICO).
"Ninguém jamais pode ver estas fichas! Ninguém deve encontrar este quarto!
Eu tenho que destruí-los! "Num impulso insano arranquei a gaveta. (PUXA
COM RAIVA) Seu tamanho já não importava. Eu tinha que esvaziá-la e queimar os
cartões. (TENTA PUXAR OUTRA CHACOALHA) Porém, mesmo segurando suas extremidades
e balançando com toda a minha força, nenhum saiu de seu lugar. Em desespero
tirei um cartão, (TIRA UM CARTÃO) e como se estivesse olhando para ele apenas
para descobrir que ele era forte como aço quando tentei rasgá-lo. (E TENTA
RASGÁ-LO) Sentindo-me derrotado retornei a gaveta ao seu lugar. (ENTRISTECIDO
VOLTA AS GAVETAS NOS LUGARES) Encostei a testa na parede (ENCOSTA A CABEÇA NA
PAREDE) e deixei escapar (UM LONGO, PROFUNDO, SUSPIRO).
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Então eu
vi. Como se o título tivesse chamado a sua atenção, (E APONTA COMO SE ESTIVESSE
LENDO). O título era "Pessoas com quem compartilhei o Evangelho". O
puxador brilhava (ADMIRA O PUXADOR) mais do que os outros ao seu redor, era
mais novo, quase sem uso. Puxei-o com delicadeza e uma pequena gaveta com uns
quatro dedos de comprimento saiu nas minhas mãos. (COM A PALMA ESTICADA, COMO
SE A GAVETA ESTIVESSE NAS PALMAS DAS SUAS MÃOS) Dentro havia tão poucos cartões
que nem precisei contar. (DEVOLVA A GAVETA). Aí as lágrimas vieram. (ABAIXA A
CABEÇA CAI EM PRANTOS). Caí de joelhos. Soluçava tão forte que sentia uma dor
que começava no estômago (APERTA O ESTÔMAGO) e se expandia pelo corpo todo. Eu
gemia de vergonha, da sufocante vergonha de tudo aquilo. (OLHA COM DESESPERO
PARA AQUELE ARQUIVO). As fileiras de gavetas confundiam-se em meus olhos
lacrimejantes. Ninguém poderia jamais saber deste quarto. Eu precisava
trancá-lo e esconder a chave. (LEVANTA E COMEÇA A ENXURGAR AS LÁGRIMAS ENTÃO),
enquanto enxugava as lágrimas, eu O vi. E COMEÇA A DESESPERAR PELA VERGONHA.
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Não...
Não Ele. Não aqui. Qualquer um, menos Jesus. Eu O olhava, indefeso, COMEÇA A
ABRIR O ARQUIVO E PEGA AS FICHA E LÊ. Ele abria os arquivos e lia os cartões.
Eu não podia suportar ver sua reação. (EM DESESPERO ACENA QUE NÃO). Nos
momentos em que consegui fitar Sua face vi um pesar mais profundo que o meu.
Ele parecia ir intuitivamente para as gavetas mais podres. Porque Ele tinha que
ler cada uma das fichas? Finalmente SE VIRA Ele se virou e me encarou do outro
lado do quarto. Ele me olhava com pena em Seus olhos. Mas era uma pena que não
me zangava.
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Abaixei (ABAIXA
A CABEÇA) minha cabeça, cobri minha face com as mãos (COBRE O ROSTO) e tornei a
chorar. VAI ATÉ ELE. Ele se aproximou de mim e E O ABRAÇA me abraçou. Ele
poderia ter dito tantas coisas, porém, nenhuma palavra saiu de sua boca. Ele
apenas chorou comigo. JESUS SE LEVANTA E VAI ATÉ O ARQUIVO.
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Depois se
levantou e se dirigiu à parede de arquivos. Começando de uma extremidade Ele
puxou uma gaveta, PUXA A GAVETA E ENCENA QUE ESTÁ PEGANDO CADA CARTÃO E CAMOÇA
A ASSINAR e um a um, assinava Seu nome sobre o meu nos cartões. (CORRE ATÉ ELE
EM UM IMPULSO DE DESESPERO) Eu gritei, correndo até Ele. Tudo o que eu
conseguia balbuciar era "Não, não!" (ENCENA NÃO) enquanto eu tirava a
ficha de suas mãos. (TIRA A FICHA DA NÃO DELE). Seu nome não poderia estar nos
cartões. Mas lá estava, escrito com um vermelho tão intenso, (OLHA COM EMOÇÃO
PARA A FICHA) tão escuro, tão vivo. O nome de Jesus cobria o meu. Seu Nome
estava escrito com Seu sangue. PEGA A FICHA COM DELICADEZA DAS MÃOS DE JESUS
Ele delicadamente tomou de volta o cartão. Ele sorriu, com tristeza, e continuou
assinando. Acho que jamais entenderei como Ele pôde fazê-lo tão rápido, pois no
momento seguinte eu o vi fechando a última gaveta e voltando em minha direção. COLOCOU
SUA MÃO NO MEU OMBRO e disse: "Está consumado".
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Logo Ele
me levou para fora do quarto. JESUS O ABRAÇA E JUNTOS SAI DE CENA. Não havia
trancas na porta. Ainda existem cartões a serem escritos... depende de cada um
de nós o que será escrito lá, oremos em nome deste tão maravilhoso Jesus, para
que não mais precisemos nos envergonhar de seu conteúdo.
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Autor:
Desconhecido - Criação das Cenas: Daniela Leon Vieira.
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