sexta-feira, 29 de abril de 2016

QUANTAS VEZES JÁ DISSESTE NÃO?

Não sei quantas vezes disseste não 
a uma ordem de Deus. 
Mas bom seria que pensasses um pouco 
antes de dizer – Não quero, ou – Não posso. 
Duas pequenas palavras que sobrecarregarão 
ombros talvez mais frágeis que os teus.
 

Não esperes que Deus te venha chamar 
três vezes pelo nome, no silêncio da noite, 
E nem te detenhas a esperar que um arcanjo 
desça do céu para murmurar a teus ouvidos 
que és um predestinado.

É preciso que O ouças naquela última frase 

sobre o monte chamado das Oliveiras: 
“Sereis minhas testemunhas...” 
Ele te fala através de todas as crianças 
que perderam os pais; 
de mil mulheres que vendem o corpo; 
de milhões de jovens que procuram 
uma razão de ser; 
de mais de dois terços dessa humanidade 
que caminha irremediavelmente para o abismo.
 

Ele apela ao teu coração através daqueles ombros 
sobrecarregados com a responsabilidade 
que não desejas aceitar. 
Daqueles corações que teimam em ser jovens 
aprisionados em corpos envelhecidos: 
enfermeiras que “não pegam mais menino”, 
professoras que não dão mais aula, 
pastores que não sobem os degraus do púlpito 
para entregar a mesma mensagem que um dia 
te salvou.
 

Não ouves Seu desafio naqueles túmulos brancos 
perdidos num cemitério do sertão 
ou de terras estrangeiras?
 

Eu O escuto chamar-Te na voz dos que pedem compreensão, 
dos que pedem repetir a História 
que pode salvar.
 

Não sei quantas vezes disseste não 
a estas mil vozes de Deus, 
ou se, para fugires à importunação, 
respondeste – Irei – para jamais 
te lembrares do compromisso.
 

Não é justo que sobrecarregues com tua omissão 
aqueles que aceitam o Reino de Deus 
como uma obra de vida ou morte.
 

Receio que venhas a sentir remorso 
quando os vires tombar prematuramente 
sob uma carga que bem poderias 
ter ajudado a levar.

Não te julgues bom demais para uma tarefa 

pela qual o teu jovem Salvador deixou o céu; 
nem tão pequeno que nada possas fazer. 
Numa colheita prestes a perder-se 
há lugar para todos.
 

Com tuas palavras, teus atos, tua vida 
e teus bens, tu podes ser aquele que ajuda, 
                                      aquele que substitui, 
que caminha atrás dos segadores 
com uma pequena cesta, a recolher as espigas, 
para evitar que os benditos frutos 
venham a se perder.
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Autora: MYRTES MATIAS

REFERÊNCIA:

REACHERS, Sammis. Antologia de Poesia Missionária – Volume 2. [s.n]. Versão gratuita em PDF, [2013].

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