a uma ordem de Deus.
Mas bom seria que pensasses um pouco
antes de dizer – Não quero, ou – Não posso.
Duas pequenas palavras que sobrecarregarão
ombros talvez mais frágeis que os teus.
Não esperes que Deus te venha chamar
três vezes pelo nome, no silêncio da noite,
E nem te detenhas a esperar que um arcanjo
desça do céu para murmurar a teus ouvidos
que és um predestinado.
É preciso que O ouças naquela última frase
sobre o monte chamado das Oliveiras:
“Sereis minhas testemunhas...”
Ele te fala através de todas as crianças
que perderam os pais;
de mil mulheres que vendem o corpo;
de milhões de jovens que procuram
uma razão de ser;
de mais de dois terços dessa humanidade
que caminha irremediavelmente para o abismo.
Ele apela ao teu coração através daqueles ombros
sobrecarregados com a responsabilidade
que não desejas aceitar.
Daqueles corações que teimam em ser jovens
aprisionados em corpos envelhecidos:
enfermeiras que “não pegam mais menino”,
professoras que não dão mais aula,
pastores que não sobem os degraus do púlpito
para entregar a mesma mensagem que um dia
te salvou.
Não ouves Seu desafio naqueles túmulos brancos
perdidos num cemitério do sertão
ou de terras estrangeiras?
Eu O escuto chamar-Te na voz dos que pedem compreensão,
dos que pedem repetir a História
que pode salvar.
Não sei quantas vezes disseste não
a estas mil vozes de Deus,
ou se, para fugires à importunação,
respondeste – Irei – para jamais
te lembrares do compromisso.
Não é justo que sobrecarregues com tua omissão
aqueles que aceitam o Reino de Deus
como uma obra de vida ou morte.
Receio que venhas a sentir remorso
quando os vires tombar prematuramente
sob uma carga que bem poderias
ter ajudado a levar.
Não te julgues bom demais para uma tarefa
pela qual o teu jovem Salvador deixou o céu;
nem tão pequeno que nada possas fazer.
Numa colheita prestes a perder-se
há lugar para todos.
Com tuas palavras, teus atos, tua vida
e teus bens, tu podes ser aquele que ajuda,
aquele que substitui,
que caminha atrás dos segadores
com uma pequena cesta, a recolher as espigas,
para evitar que os benditos frutos
venham a se perder.
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Autora: MYRTES MATIAS
REACHERS, Sammis. Antologia de Poesia Missionária – Volume 2. [s.n]. Versão gratuita em PDF, [2013].
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