terça-feira, 1 de novembro de 2016

BELÉM

Autora: Stela Câmara Dubois

Soa e ressoa,
Por toda a parte,
A música do bem!
Há carrilhões no espaço:
Belém... Belém... Belém...

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Seres humanos que pensais na altura
E afirmais, retilínea, a conjetura
Dos mundos habitados
Por vultos sublimados,
Olhai, olhai Belém!

Nivelastes profano e santidade
E esquecestes a glória da humildade
DAquele que nasceu, Pobrezinho e plebeu,
Nas palhas de Belém!

Há fonte a vossos pés e estais sedentos,
Porque correram os vossos pensamentos
A indômita carreira
Do vento e da poeira
Que esconderam Belém!

Um rei desceu!...
Proscrito Ele se fez!...
A nobre História é para vós, talvez,
Um dito sem valor...
No entanto, foi o Amor
Que nasceu em Belém!

Agigantam-se as coisas pequeninas...
O inseto e a flor rebrilham nas campinas
E um Deus se faz criança,
- O brilho da Esperança
Na choça de Belém! –

Há voz de poderio no vagido!
Confundem o forte, o fraco e o esquecido
E o coração é um trono
Cujo Senhor e Dono
Fez pousada em Belém!

Quereis subir, homens do pó? Descei!
Vinde a Belém, pois em lugar da Lei,
Veio reinar a Graça!
Inclinai as cabeças ao perdão!
Na areia fulge o Sol da Redenção
Que nunca, nunca passa!

Quem sobe escada, lá no chão começa!
Sobre os joelhos caminha mais depressa,
Quem a Deus quer chegar!
Descansai, corações, naquela Cena!
A Aurora, cheia de anjos, tão serena,
Quis no mundo raiar!

Assentai os ouvidos! Oh, se ouvísseis
Que um Rei desceu para que vós subísseis
Humanidade, ouvi!
Vinde a Belém! Descei e descei mais!
E ali, junto de humildes animais,
Dizei: - Eu creio em Ti! –

Conquistastes, vencestes, mas na hora
Em que a morte, sem Deus, vos apavora,
O céu vós procurais,
Mas nunca o esqueçais:
O caminho é Belém!

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Soa e ressoa,
Por toda a parte,
A música do bem!
Há carrilhões no espaço:
Belém... Belém... Belém!

In O Jornal Batista #51 – Dez 1957

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