quinta-feira, 3 de novembro de 2016

OS MAGOS DO ORIENTE

Autor: Jonathas Braga

E tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do Rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém. (Mt 2.1)


Desciam pela estrada erma e sombria
três homens, pelo aspecto, bons e nobres.


No céu distante, muito, muito além,
um astro novo e estranho refulgia,
banhando em luz argêntea as casas pobres
da pequenina vila de Belém.


Quando esse astro brilhou no céu do Oriente,
eles deixaram tudo alegremente
e ao longo das estradas solitárias
caminharam, em busca de Jesus,
vendo noites de luar enternecido
e risonhas manhãs cheias de luz.


E enquanto de Belém se aproximavam,
humildemente, os magos conversavam.


O primeiro dizia, com ternura:
- Meu coração encheu-se de ventura
quando um pouco de mirra eu lhe trazia.
É uma oferenda simples, pois enfim
se mais possuísse, mais eu lhe traria
com o maior dos júbilos pra mim!


Ponderava o segundo, confortado:
- A minha oferta é todo o meu tesouro.
Dar-lhe-ei este precioso colar de ouro,
de todos o melhor que eu hei guardado.
Eu lhe traria mais, se mais tivesse,
porque bem sei o quanto Ele merece!


O terceiro, afinal, estas palavras,
humilde, proferia:
-Enche-me o coração um gozo imenso,
um gozo imenso e estranho para mim,
porque lhe trago de presente, incenso.
Se houvesse uma outra dádiva trazido,
será que bem melhor teria sido?


Eles tinham razão, mas não sabiam
que dádivas preciosas conduziam:
- A mirra que o primeiro carregava
era o presente do Homem singular
que a dor dos outros homens suportava
a fim de os consolar.


O ouro brilhante do outro pertencia
ao Grande Rei da terra, céu e mar,
Senhor dos mundos do universo inteiro,
que o seu poder um dia fez criar...


Mas do terceiro
o incenso perfumado traduzia
o símbolo melhor dos dias seus,
porque era, na verdade, um grande símbolo,
- o símbolo de Deus!


Do livro O Caminho da Cruz (1962)


 

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